sábado, 20 de fevereiro de 2016
Preparação do solo para uma horta saudavel
Para se fazer uma horta, tem de se possuir um pedaço de terra fértil…e água acessível, a baixo custo.
Sei por experiencia própria, possuindo um furo para captação de água, cujo investimento atual, ronda os cinco mil euros, onde a mesma têm de ser bombeada até á superfície, ao custo que a energia se encontra…dependendo só da mesma…se não houver uma gestão criteriosa, fica mais caro que adquirir os produtos no supermercado.
No entanto, se soubermos sintonizar-nos com a época das chuvas…utilizando em simultâneo, sistemas de rega de baixo consumo, gota a gota ou localizada, consegue-se alguma rentabilidade.
Os terrenos de proximidade a riachos, ribeiros, rios…nascentes há superfície, que requerem poucos custos para captação de água, esses sim, são uma mais-valia, uma excelente oportunidade.
Em muitas heranças de família eles existem, mais ou menos identificáveis, devido ao matagal que avançou, e os deixou indefinidos, submersos em silvas e mato, mas com alguma pesquisa, conversa com familiares, eles podem ser identificáveis…outrora hortas repletas de frescura verdejante.
O trabalho será árduo…a desmatagem, limpeza, requer persistência, e resistência física, a utilização de máquinas de grande porte para a limpeza desses terrenos, mostra-se uma boa opção quando a acessibilidade assim o permite, de custos razoáveis que se justificam.
Os poços existentes, ocultos na vegetação, depois de limpos podem proporcionar alguma água para rega…o ribeiro, ou o riacho na proximidade também, fazendo uma pequena represa, amontoando algumas pedras e terra, barro, para reter a água, bombeando-a depois com uma pequena motobomba, portátil.
A terra depois de liberta dos invasores, fica adequada para cultivo, aproveitando o trabalho de vanguarda a que os antepassados se dispuseram, limpando-a de pedras, construindo socalcos nas encostas, suportados por paredes em pedra, de modo a aprisionar a camada de terra fértil, assim como nos vales que devido às suas características geográficas, permitem a existência de cursos de água.
No entanto, pode acontecer que estejamos limitados nessa opção, estejamos condicionados a um pedaço de terra que possuímos, demasiado arenoso, ou demasiado argiloso…com pedras…de aspeto pouco fértil.
Uma das coisas que podemos começar por fazer, é limpa-lo das mesmas…vamos cavando, escolhendo-as e colocando-as dentro de um balde que nos acompanha, depois vamos despejar em lugar onde já não incomodem. Futuramente podem ser aproveitadas para fazer argamassa de cimento, em trabalhos de construção ou remodelação, ou então, abrimos uma vala de profundidade considerável, 60…70cm…e enterramo-las.
Os terrenos argilosos, ficam barrentos quando molhados, formam crostas compactas com ação do sol, ficando depois difíceis de penetrar pelos raios solares, abrindo gretas.
A germinação de sementes torna-se difícil, perante a incapacidade para romper esta crosta, dificultando também o processo de desenvolvimento de raízes, quando se pretende plantar as pequenas e frágeis plantas.
Para os tornar mais soltos, aráveis, podemos-lhe adicionar fertilizante orgânico em quantidade.
Começamos por cavar a 25…30 cm de profundidade e vamos esmagando os torrões que se soltam, depois espalhamos à superficie, uma camada de estrume, com cerca de 10cm e voltamos a cavar, agora um pouco menos em profundidade, 20cm …mais ou menos, misturando bem.
De certa forma ele apresentará sempre as carateristicas de um terreno argiloso, no entanto talvez agora seja possível cultiva-lo, por vezes é necessário repetir a operação e adicionar mais estrume .
Nos terrenos demasiado arenosos, o procedimento será identico. Em alternativa, se decorrerem escavações nas proximidades, onde se movimentam grandes quantidades de terra, pode-se pedir que descarreguem um ou dois camiões no local, misturando-a.
A preparação da terra para o cultivo, de forma manual ou com auxilio de máquinas, tem como objetivo
obter uma textura mais solta, libertá-la das ervas...permitindo tambem o arejamento do solo e a penetração dos raios solares.
Quando utilizamos uma charrua, rasgando-a, volvendo-a, os sulcos formados, facilitam esse processo, as ervas ficam com as raízes expostas, pelo que assim deverá ficar alguns dias.
O próximo passo será uniformiza-la, deixa-la mais solta, pronta a ser cultivada.
Para esse efeito podemos usar um escarificador ou uma frese.
O escarificador, é um arado com vários bicos que o trator arrasta, quebrando os torrões e uniformizando a superficie.
A frese por sua vez, possui várias "facas", acopladas a um eixo de movimento rotativo, que vai remexendo a terra, como que a triturasse, deixando-a com textura mais solta...fofa.
Na maioria das vezes, na agricultura familiar, em solos faceis de trabalhar...por uma questão prática, prescinde-se da charrua, utilizando-se apenas a freze para remecher a terra e deixa-la apta para o cultivo.
Nesta opção tem de se limpar préviamente o terreno...cortando a erva, caso contrário ela vai-se enrolar á frese bloqueando o seu funcionamento.
Para que a terra fique em boas condições de cultivo deve-se fazer duas a três passagens.
As pequenas maquinas agrícolas como motoenchadas e motocultivadores, utilizam maioritariamente esta alfaia, no entanto, os segundos, possuindo algum poder de tração , já permitem a utilização de uma pequena charrua, como o velho motocultivador.
Na cava manual, normalmente utiliza-se uma enchada de bicos.
Começa-se por "abrir a cava"...para tal, de costas para o terreno a trabalhar, abrimos uma vala com cerca de 25..30cm de profundidade, em toda a largura do mesmo, puxando a terra, espalhando-a...quando concluída, passamos então para o lado contrário...posicionamo-nos imediatamente atrás do sulco aberto e começamos a cavar, lançando a enchada para a terra crua , puxando e virando, aproveitando o desnivel da vala que abrimos, tal como acontece com a charrua, de modo a que a erva fique virada para baixo...na cavadela seguinte, insistimos, e retiramos mais alguma terra de profundidade, limpa, cobrindo mais um pouco a anterior que acabamos de virar, e assim sucessivamente, enterrando a erva, deixando a camada de superficie limpa, de textura solta pronta a cultivar ao mesmo tempo que vamos abrindo uma nova vala, repetindo o processo.
É importante tentar-mos não mudar os pés muitas vezes...mantermo-nos no mesmo sitio tentando alcançar o máximo de area possivel, para não calcarmos a terra com os pés...a intenção é ir-mos cavando, virando a terra para junto das pernas, mantendo á nossa frente sempre a cava aberta, conforme video .
Depois da terra preparada, vamos tentar perceber como queremos dividir o espaço e qual a disposição a dar a cada cultura, para isso temos de considerar dois fatores importantes, o tipo de rega que vamos utilizar e a inclinação do terreno.
As leiras não podem ser feitas no sentido da mesma, mas sim, na sua perpendicular. Se utilizarmos uma disposição nesse sentido, quando regamos, a água corre rápido, sem dar tempo de se infiltrar na terra, enchendo rapidamente ao fundo, acabando por rebentar, nunca sendo possível uma rega conveniente.
Se for uma área relativamente pequena, com pequena inclinação, podemos tentar puxar alguma terra até ficar nivelada. Isto se estivermos a pensar regar a fio, conduzindo a água pelos regos.
Se optarmos pela rega “gota a gota” este problema não se verifica, pois a água vai pingando lentamente, humedecendo a terra em profundidade. Utilizando a chamada “ fita de rega”, semelhante a uma tripa com pequenos orifícios, espaçados cerca de 25…30 cm entre si. Também existe a versão em mangueira, um pouco mais cara, mas também com maior possibilidade de se reutilizar.
A fita só com alguns cuidados, lavando-a logo que deixe de ser utilizada no final da época, ligando-a a uma torneira com pressão, pondo água a correr durante algum tempo, para limpar a sujidade que entretanto se fixou nas paredes interiores. Devido ao seu baixo custo mostra-se uma opção interessante, cerca de 20€ cada rolo de 200 metros. A rega “gota a gota” é uma rega demorada, lenta, entre uma a duas horas.
Este sistema, mesmo com águas supostamente limpas, implica a utilização de um filtro, pois a mais pequena sujidade entope os orifícios.
A fita, em relação há mangueira, suporta uma pressão bastante inferior, sendo adequada para ligar a um depósito ou tanque. A mangueira permite-nos utilizar uma maior pressão, sem correr o risco de rebentar.
Este sistema por debitar um caudal reduzido, permite linhas de rega, alongadas, 10...20…30 metros, dependendo também do caudal disponível.
Na rega localizada, utilizamos uma mangueira normal, de pequeno diâmetro, 16…20 milímetros, sem furos, que depois furamos, junto às plantas, fazendo um furo de um e outro lado do pé, distanciado cerca de, 10…
15 cm, com uma pequena broca para madeira, de 4 ou 5 milímetros, utilizando um berbequim, ou em alternativa um arame bem quente.
Este sistema de rega exige uma pressão superior.
O comprimento de cada linha de rega, assim como o diâmetro dos furos, varia consoante a mesma, mais de 5 metros é arriscado. Se suspeitamos que a pressão pode não ser suficiente, melhor é começarmos por experimentar um comprimento de 3…4 metros, e furos de 3…4 milímetros.
Se exagerarmos no comprimento, ou no diâmetro dos furos, nos últimos quase não sai água.
Por vezes, o jato de água que sai dos furos, molha as plantas, e algumas como os tomateiros, não gostam. Para evitar isso ou reduzir um pouco o caudal de saída, pode-se cortar pequenos pedaços da mesma mangueira, corta-los ao meio e com um maçarico dar-lhe um pouco de calor forçando-os a abrir um pouco, colocando-os depois a cobrir os furos. Desta forma a água sai com mais suavidade.
As várias linhas são ligadas a um tubo principal, de diâmetro adequado ao caudal que necessitamos. Para esse efeito furamo-lo com um acessório próprio, onde colocamos as pequenas torneiras de plástico. Embora se possa prescindir delas, usando apenas pequenos acessórios de ligação, aconselho a colocá-las, pois por vezes é necessário regular o caudal de saída.
A escolha do sistema de rega depende de vários fatores, da área a regar, se a água é de um tanque, ou está a ser bombeada diretamente do poço, se é da rede…pode acontecer também, não termos disponibilidade de tempo e ter de optar por um sistema de rega automática, utilizando torneiras elétricas, com um relógio programável, que abrem e fecham há hora que se
pretender, chamadas electroválvulas com temporizador, (pessoalmente, não confio neste sistema, avariam com facilidade).
Por outro lado, mangueiras, fitas, acessórios, válvulas, têm um custo que somado adquire algum significado, pelo que deve ser bem ponderado…a rega a fio, embora com maior consumo de água, dependendo das circunstâncias, mostra-se talvez a mais prática e económica. No entanto, tudo isto é muito relativo, cabe a cada um analisar e perceber qual a melh
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