quinta-feira, 6 de março de 2014

Plantio de batata doce

Plantio

A propagação comercial da batata-doce é feita por meio de pedaços de ramas, com 30 a 40cm de comprimento, plantados em camalhões ou leiras. Esta operação deve ser para conseguir porcentagem de pagamento satisfatório. Na falta de chuvas, se possível, o solo deve ser regado logo após ou antes do plantio, repetindo-se a rega, nos dias subseqüentes, se necessário.
Obtenção de ramas para o plantio: Nas localidades em que a área de cultivo é muito extensa, em condições de suprir grandes consumidores durante vários meses do ano, e nas quais as características de clima e solo favoráveis, não é necessário o preparo de viveiros, para o suprimento de ramas às futuras plantações. Estas são obtidas de maneira simples e econômica retirando-as das próprias lavouras, já plantadas anteriormente, à medida das necessidades. Nestes casos, pela abundância do material de propagação, retiram-se apenas as porções terminais das ramas, com 30 a 40cm. de comprimento, nas quais se deixam apenas as duas ou três últimas folhas e o broto terminal.
Esse material de propagação, a que se dá o nome de “pinta de rama” é justamente o empregado no plantio da batata-doce nas regiões onde mais se cultiva esta hortaliça.


Quando se vai iniciar a cultura pela primeira vez, ou se deseja introduzir uma variedade nova, e não se dispõe portanto de nenhuma outra fonte de ramas para o plantio, estas serão obtidas de viveiros, isto é, de canteiros onde as raízes são previamente plantadas, nas distâncias de 1 a 2 metros, uma das outras, para emitir brotações e produzir ramas necessárias ao plantio da lavoura normal.
A fim de favorecer e intensificar a produção de ramas, os viveiros devem ser instalados o mais cedo possível, nos meses de junho e agosto, em lugares que facilitam a irrigação, durante as estiagens comuns nessa época.
Os viveiros devem ser formados em local de terra fértil. Em caso contrário, estas precisam receber adubações orgânicas e mineral, na base de um quilograma de esterco bem curtido ou de outra boa fonte de matéria orgânica, mais 50 gramas de superfosfato simples, por cova. Os adubos devem ser bem revolvidos com a terra antes do plantio das raízes.
Estas serão cobertas com uma camada de terra, cerca de 10 cm de espessura. A fim de se possibilitar o livre e amplo desenvolvimento das ramas por sobre o solo, dá-se entre as covas o espaçamento de 2 x 1 metro.
Devem ser escolhidas, para a formação dos viveiros, as batatas típicas da variedade, livres de moléstias ou pragas, bem conformadas em bom estad de conservação e se possível oriundas de plantas que, além de sadias, tenham sido bastante produtivas.
Quando não se dispõe de número suficiente de batatas, peso médio de 80 a 150 gramas, podem-se enviveirar raízes maiores, que serão plantadas inteiras ou, quando muito grandes, cortadas ao meio, transversalmente, no ato do plantio. As raízes grandes, possuindo maiores quantidades de reservas nutritivas, enfrentarão melhor a deficiência de chuva, quando não puder irrigar.
Para se aumentar ainda mais o suprimento de rama, pode-se nos plantios mais atrasados, empregar ramas retiradas dos próprios campos plantados mais cedo. Três a quatro meses de ciclo, em viveiro bem adubado, bem suprido de umidade e sob temperatura média diária superior a 20graus serão suficientes para a formação de boas ramas para o plantio.
Durante o desenvolvimento vegetativo das plantas em viveiros, pode-se, para apressar o crescimento das ramas, aplicar em cobertura Salitre do Sulfato de Amônio, ou Nitrocálcio, na base de 20 gramas, por metro quadrado de viveiro.
Embora o rendimento de ramas para o plantio oscile muito, de acordo com a variedade plantada, pode-se esperar, para fins de cálculo prático, que cada batata enviveirada produza nos três cortes, cerca de 200 gramas. Desta forma, 250 batatas pequenas, com peso de 200 gramas cada uma (50kg de batatas), poderão produzir em média 50.000 mudas, número suficiente para o plantio de uma área de 2.000m2, espaçamento de 90 x 30 cm.
Assim, considerando-se as perdas, pode-se tomar por base que, deve-se enviveirar 250 raízes gramas cada uma, o que corresponde numericamente, e para o plantio de um alqueire paulista (24.200 m2). Se quiser plantar o hectare ou um alqueire com apenas o primeiro corte de ramas, esses números terão de ser multiplicados por 3, isto é, 750 e 1.800 batatas respectivamente.
Pode-se, também, obter ramas para o plantio, aproveitando-se das que se originarem de brotação de parte da própria lavoura do ano anterior. Para isso reserva-se uma certa área da cultura anterior para nova brotação.
Preparo do solo: O terreno deve ser muito bem preparado, principalmente no caso da produção de batata-doce para mercado. Recomenda-se aração esmerada, a 20 cm de profundidade e boa gradeação para desmanchar perfeitamente os torrões. Esta operação, quando executada por uma enxada rotativa ou mula mecânica, deixa o terreno em condições excelentes para a batata-doce de mercado, principalmente, quando existem restos da cultura anterior ou vegetação natural herbácea, para enterrar, ou mesmo leguminosas que tenham sido plantadas como adubo-verde.
Sistemas de plantio: A batata-doce pode ser plantada em covas feitas em alinhamento, procedendo-se, depois de algum tempo, a elevação das leiras ou camalhões, ao longo do alinhamento das covas; preferivelmente plantada já diretamente sobre as leiras. No primeiro caso, fazem-se as covas manualmente, utilizando-se de uma enxada leve e de cabo curto, com um golpe, abre-se a cova até 15-20 cm, sem se retirar a terra. Colocada a rama, apenas 15 a 20 cm da sua base, comprime-se a terra ao seu encontro. O operário tem que trabalhar em posição cansativa, agachado. Para esse plantio, dá-se preferência ao emprego da “ponta de rama”. Cerca de 30 a 40 dias mais tarde, achando-se as plantas bem “pegadas” elevam-se as leiras, puxando-se com enxada, a terra do meio das ruas para o alinhamento das covas. Conquanto este sistema ainda esteja em uso em alguns lugares e tenham sido obtidas, com ele, boas produções, aconselha-se a base de resultados experimentais, o plantio em leira. As produções são maiores; a colheita é mais fácil, a aparência do produto colhido e o seu tipo são também melhores.
Uso do plantador bengala: O melhor e mais rápido sistema de plantio, é feito com o “plantador-bengala”, simples bengala de madeira ou de bambu, de mais ou menos 80.cm de comprimento, com a extremidade inferior escavada em “U”, formando uma forquilha. Distribuídas as ramas às distâncias desejadas, sobre os camalhões, elas são fincadas pela base de cima da leira por compressão da forquilha da bengala. Para facilitar a operação, as ramas devem ser colocadas transversalmente sobre os camalhões, deixando a sua parte basal no alto do camalhão. Ao se fincar a rama no cimo da leira, coloca-se a forquilha do plantador-bengala a cerca e 10 centímetros da base da rama, fincando-se-á por compressão até 15 cm de profundidade, restando assim cerca de 15 cm para fora. A rama fica em posição ereta. Para evitar quebras ou esmagamento das ramas no ato do plantio, a curvatura da forquilha tem de ser suave, sem cantos vivos. Os camalhões devem estar preparados, no máximo, com antecedência de 15 a 20 dias, para evitar que a terra se assente demais e se torne endurecida, dificultando o plantio.
Também não devem ser usadas ramas muito frescas e turgescentes, quando são de variedades que possuam ramas muito herbáceas e quebradiças. Neste caso é necessário expô-las algum tempo ao vento para que murchem um pouco e se tornem mais flexíveis. Pelo uso do plantador-bengala, o serviço torna-se cômodo, prático e bem barato. O operário trabalha de pé, sem se abaixar, cansando-se muito menos.
Preparo das leiras: Em terreno previamente bem arado e gradeado levantam-se os camalhões por meio de sulcadores. Fazendo-se sulcos paralelos, às distâncias desejadas, formando-se entre cada dois deles, os camalhões que, quando imperfeitos podem ser retocados com enxada. Nas grandes culturas, as leiras podem ser feitas por tração animal, empregando um sulcador apropriado ou na falta deste, um arado de aiveca.
Os camalhões devem ser levantados com antecedência. Assim, logo que caírem as primeiras chuvas, pode-se fazer o plantio.
Material de propagação: Nunca se deve usar as raízes para a plantação do campo definitivo. Isso resulta numa produção baixa, de má qualidade e concorre para a disseminação de moléstias e pragas. Não se deve também, em caso algum usar ramas velhas, provenientes da cultura do ano anterior. Reconhecem-se essas ramas pela sua cor pardacenta e flacidez, principalmente por já se acharem desenvolvidas de folhas. Nessas ano anterior, aproveitam-se todavia as “pontas de rama”, e, mesmo quando necessário, algumas porções mais novas da metade superior das ramas ainda providas de folhas, quando não se preparam os viveiros. Aliás, na exploração extensiva, não se preparando os viveiros, lança-se mão desse recurso. Usando-se preferivelmente, das áreas de plantio mais tardios, cujas ramas são mais novas e saudáveis. O melhor material de propagação é a “ponta de rama”. Isto deve se explicar, principalmente, pelo fato de serem estas as partes mais livres de moléstias ou pragas.
Devem ser utilizados no plantio, pedaços de ramas de 30 a 40cm de comprimento, seja “ponta” seja meio de rama, dos quais são eliminadas as folhas da parte basal deixando-se, além do brôto terminal, duas ou três folhas grandes no ápice de cada rama. A função dessas folhas é apressar o desenvolvimento da nova planta, que aproveita suas reservas nutritivas, e indicar a posição correta das ramas, a fim de não serem plantadas em posição invertida. Se se deixarem todas as folhas nas ramas, o plantio se tornará meio difícil e, para facilitar o pegamento, deve-se deixar apenas um terço das ramas e as folhas fora da terra. Além disso, é preciso não se esquecer que o plantio só deve ser feito com a terra úmida, seja péla água das chuvas, seja pela irrigação para se obter bom pegamento das ramas.
Épocas de plantio: Pode iniciar-se, a partir da entrada da estação chuvosa e quente, em outubro e prolongar-se até fevereiro-março. Todavia, as maiores produções são obtidas dos primeiros plantios. Maiores produções ainda poderão ser obtidas pelo plantio cedo, em agosto-setembro, de variedades tardias, sob irrigação, uma vez que as temperaturas reinantes nesses meses já são, em São Paulo favoráveis a essa cultura.
Espaçamento: O espaçamento no plantio de batata-doce, quando varia entre limites razoáveis, de 60 a 100 cm entre fileiras, e de 20 a 40 cm entre plantas, tem influência relativamente pequena sobre a produção bruta de raízes por unidade de área. Possui, no entanto, notável influência sobre o tamanho ou tipo de batatas produzidas. Com menor espaçamento menor também será o tamanho das batatas e, geralmente, maior a produção das raízes de tamanho médio, pesando entre 80 a 800 gramas, que é o tipo melhor cotado nos mercados.
Deve-se, com relação às distâncias entre os camalhões, escolher aquela mais conveniente do ponto de vista de execução ou melhor, que traga maiores facilidades no preparo dos camalhões, distâncias essas compreendidas entre 70 a 90 centímetros.
Com relação, porém, às distâncias entre as plantas nas fileiras, a sua escolha deve depender sobretudo da finalidade ou destino da produção. Se as batatas forem destinadas aos mercados dos grandes Centros urbanos, exigentes em batatas pequenas do tipo mercado, devem ser escolhidas distâncias também pequenas entre as plantas, com cerca de 20 a 25cm, a fim de se conseguir a produção máxima de raízes deste tipo.
Quando a produção for para forragem ou matéria-prima para indústrias oü outra finalidade, em que não haja restrições quanto ao tipo do produto, pode-se adotar o espaçamento maior de 40 a 50 cm, porque desta forma, a produção bruta será pouco afetada, fazendo-se no plantio grande economia de ramas e de mão-de-obra.
Nos plantios tardios de janeiro em diante, são aconselháveis espaçamentos maiores para permitir a produção de batatas de bom tipo para a mercado, porque, o plantio atrasado já tem o efeito de diminuir o tamanho das raízes. O mesmo se pode dizer no caso de serem plantadas variedades que normalmente tenham propensão para produzir batatas pequenas.
Esquematizando os espaçamentos entre linhas e entre plantas aconselhadas para o plantio da batata-doce são os seguintes:
a) Culturas para o abastecimento de grandes cidades: 80 x 20 cm
b) Culturas para os mercados do interior: 90 x 30 cm.
e) Plantações para fins forrageiros: 90 x 40 cm.
Rotação de cultura: A rotação é a prática altamente recomendável para qualquer cultura. Todavia, no caso da batata-doce, é considerada indispensável. O ataque dos inimigos, sobretudo dos nematóides e das brocas da raiz, aumenta consideravelmente de ano para ano, quando a plantáção é feita seguidamente no mesmo terreno. A produção, por sua vez, cai enormemente, muitas vezes, para menos da terça parte, diminuindo ainda mais a porcentagem de batatas sadias, do tipo “mercado”.
Boa prática incluir no plano de rotação, para, servir de adubo verde, uma leguminosa, Prestam-se bastante para esse fim a mucana, o feijão, a crotalária paulina ou a soja-grão. O adubo verde deve ser cortado no período de florescimento, passando-se uma grade de discos e deixando-se as plantas a secar sobre o terreno, para serem incorporadas ao solo na aração da primavera.

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