A escolha correta da cultivar para um determinado ambiente e sistema de produção é de grande importância para a obtenção de uma boa produtividade. Contudo, isso por si só não é suficiente para o sucesso da exploração. É necessário, também, que a cultivar tenha características de grão e de vagem, que atendam às exigências de comerciantes e consumidores (Freire Filho et al., 2000).
Alguns aspectos importantes devem ser considerados na escolha de uma cultivar de feijão-caupi, quais sejam:
- Ciclo (superprecoce: maturação em até 60 dias; precoce: 61-70 dias; médio: 71-90 dias; médio-precoce: 71-80 dias; médio-tardio: 81-90 dias; e tardio: maturação acima de 90 dias).
- Arquitetura da planta (porte ereto: ramos principal e secundários curtos, com estes formando um ângulo de agudo a reto com o ramo principal; semi-ereto: ramos principal e secundários curtos a médio, com estes formando um ângulo reto com o ramo principal. semi-prostrado: ramos principal e secundários médios, com estes tocando o solo: e prostrado: ramos principais e secundários longos, com estes tocando o solo).
- Reação a doenças (viroses, fungos e bactérias) e pragas (pulgões, trips, cigarinha verde, vaquinhas, mosca branca, mosca minadora das folhas, percevejos, lagartas e carunchos).
- Tipo de produção (grãos secos ou feijão verde).
A arquitetura da planta de feijão-caupi é resultado da interação dos seguintes caracteres: hábito de crescimento, comprimento do hipocótilo, do epicótilo, dos entre-nós, dos ramos principal e secundários e do pedúnculo das vagens, da disposição dos ramos laterais em relação ao ramo principal e da consistência dos ramos. Esse último caráter tem grande influência no grau de acamamento das plantas. Para os cultivos tradicionais, geralmente em pequenas áreas e em consórcio, a arquitetura não é tão importante, mas deve ser dada preferência a cultivares semi-prostradas, com ramos de tamanho médio a longo. Para cultivos de sequeiro mais tecnificados e cultivos irrigados, a arquitetura passa a ter maior importância, devendo ser dada preferência por cultivares de porte mais compacto e mais ereto, de ramos curtos, que permitam, inclusive, a colheita mecânica.
Na região Meio-Norte são comercializados vários tipos de grãos de feijão-caupi, entretanto, os predominantes são os de cor mulata, sempre-verde e branco. Desses, os feijões branco e sempre-verde, em toda a cadeia comercial, são mais valorizados e obtêm os melhores preços, tanto no atacado como no varejo. Em relação a tamanho e forma, há uma preferência por grãos com peso de 100 grãos em torno de 18 g de formatos reniforme ou arredondado. Dessas características, entretanto, a cor parece ser o fator mais importante na formação do preço do produto. Portanto, é importante que o produtor procure usar cultivares que tenham grãos bem aceitos pelos comerciantes e consumidores.
Nas áreas semi-áridas, mais sujeitas à distribuição irregular das chuvas e a veranicos longos, devem ser usadas cultivares mais rústicas, mais tolerantes a estresses hídricos e com maior capacidade de recuperação após uma estiagem. Para áreas mais favorecidas e sistemas de produção em que são feitas correção de acidez de solo, aplicação de fertilizantes, controle de ervas e controle de pragas e de doenças, como no caso da região dos cerrados, devem ser usadas cultivares que respondam à melhoria na qualidade do ambiente.
Para produção de feijão verde (vagem verde ou grãos verdes) em pequenas áreas, deve ser dada preferência por cultivares semi-prostradas, com ramos médios a longos, com longo período de floração e frutificação, que possibilitem várias colheitas. Essas cultivares devem ter vagens atrativas para o comprador, devem ser uniformes, bem granadas, murchar mais lentamente e ter a relação de peso grão verde/peso vagem verde superior a 60%. Também devem ter a capacidade de preservar um bom aspecto pós-colheita e serem de fácil debulha manual. Os grãos devem ser claros para manter um bom aspecto pós-debulha. Grãos que escurecem com rapidez perdem o valor comercial. Para esse tipo de produção, há uma preferência por cultivares de vagens roxas e de grãos brancos.
Em ambos os tipos de produção, grãos secos e vagens verdes, é muito importante que as cultivares sejam bem adaptadas, tenham uma boa capacidade produtiva, um bom nível de resistência a doenças e pragas e um bom aspecto no campo.
Cultivares locais
Na região Meio-Norte, há um grande número de cultivares locais, as quais ainda são muito cultivadas, principalmente por pequenos e médios produtores, que produzem suas próprias sementes. Esse germoplasma possui uma variabilidade genética imensurável, a qual pode ser observada a partir dos diferentes tipos de grãos que são encontrados nas feiras livres e nos mercados das médias e grandes cidades. Há algumas características que são predominantes nas cultivares locais:
- Em sua maioria são misturas varietais com cinco ou mais componentes.
- Crescimento indeterminado e porte semi-prostrado ou prostrado.
- Ciclo médio, de 71 a 90 dias.
- Folhas globosas.
- Vagens no nível ou acima da folhagem.
- Comprimento médio de vagem em torno de 18,0 cm.
- Número médio de grãos por vagem em torno de 14,0.
- Peso médio de 100 grãos em torno de 19,0 g (Freire Filho et al., 1981).
-
Classe
Branco - cultivares com grão de tegumento de cor branca:
-
Subclasse
Brancão - cultivares com grãos de tegumento
de cor branca, rugoso, reniformes sem halo e relativamente grandes;
-
Subclasse
Branca - cultivares com grãos de tegumento branco,
liso, sem halo ou com halo, pequeno, com ampla variação
de tamanhos e formas:
-
Subclasse
Fradinho - cultivares com grãos brancos e com um grande
halo preto, cultivadas principalmente nos Estados da Bahia e do
Rio de Janeiro, e atualmente em expansão na região
Sudeste.
-
Subclasse
Brancão - cultivares com grãos de tegumento
de cor branca, rugoso, reniformes sem halo e relativamente grandes;
-
Classe
Preto - cultivares com grãos de tegumento preto, cultivadas
principalmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina para adubação
verde, e na Tailândia e Miamar, para alimentação
humana.
-
Classe
Cores - cultivares que tem grãos com tegumento com cores
diferentes das classes Branco e Preto:
-
Subclasse
Mulato - cultivares com grãos de tegumento de cor marrom
claro a escuro, com ampla variação em tamanho e
forma;
-
Subclasse
Canapu - cultivares com grãos com tegumento de cor
marrom claro, relativamente grandes, bem cheios, levemente comprimidos
nas extremidades, com largura, comprimento e altura aproximadamente
iguais;
-
Subclasse Sempre-Verde
- cultivares com grãos de tegumento de cor esverdeada;
-
Subclasse
Vinagre - cultivares com grãos de tegumento de cor
vermelha;
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Subclasse
Corujinha - cultivares com grãos de tegumento mosqueado
cinza ou azulado;
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Subclasse
Azulão - cultivares com grãos de tegumento azulado;
-
Subclasse
Manteiga - cultivares com grãos de cor creme-amarelada,
muito uniforme e que praticamente não se altera com o envelhecimento
do grão;
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Subclasse
Verde - cultivares que têm o tegumento e/ou cotilédones
verdes.
-
Subclasse
Carioca - são cultivares que têm o tegumento
de cor marrom com estrias longitudinais com tonalidade mais escura,
semelhantes às do carioca do feijoeiro comum (Phaseolus
vulgaris L.). Essa característica ocorre em materiais silvestres
e no cultigrupo sesquipedalis, mas não há informação
de que haja cultivares comerciais dessa subclasse em nenhum país.
-
Subclasse
Mulato - cultivares com grãos de tegumento de cor marrom
claro a escuro, com ampla variação em tamanho e
forma;
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Classe
Misturado - produto resultado da mistura de cultivares que não
atende às especificações de nenhuma das classes
anteriores.
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